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São Paulo, 8 de agosto de 2019
Sindicato participa de audiência pública sobre desafios do setor de entregas por aplicativos
 
O Sindicato dos Motoboys de São Paulo participou, na manhã desta quarta-feira (07), de audiência pública, na Câmara dos Vereadores para tratar dos desafios e do desenvolvimento do setor de entregas por aplicativos (motofrete).

A audiência contou com a presença de representantes das empresas por aplicativo, de advogados, parlamentares e membros do extinto Ministério da Economia e parlamentares, assim como integrantes da Comissão de Trânsito, Transporte, Atividade Econômica da Câmara.

Segundo Gilberto Almeida (Gil), presidente do Sindicato dos Motoboys, é preciso a união dos trabalhadores para barrar, principalmente, o artigo do Projeto de Lei 130/2019 que exige que essas empresas apenas liberem o sinal do aplicativo para trabalhadores autônomos, pois o trabalhador como Micro Empreendedor Individual (MEI), a empresa definitivamente se isenta de qualquer responsabilidade com os trabalhadores.

“Na Apresentação feita pelos representantes das empresas por app, parece que é tudo muito bom, mil maravilhas, mas no dia a dia, a precarização das relações trabalhistas está causando uma verdadeira carnificina nas ruas da cidade”, disse Gil.

“Havia uma negociação em curso com o secretário de justiça de São Paulo, mas na calada da noite, as empresas de aplicativo inventaram esse faz de conta, esse curso de direção defensiva passando por cima do que a própria lei determina”, disse o dirigente, que concluiu: “É preciso ter uma CPI para analisar essa situação dos aplicativos, pois está tudo bagunçado”.

O ponto alto da audiência foi quando a dra. Ana Ferreira Luiza Pinto, se dirigiu ao púlpito e descreveu os instantes que antecederam a morte do motoboy Thiago Dias, que morreu em decorrência de um acidente vascular cerebral (AVC) durante uma entrega em Perdizes, Zona Oeste de São Paulo.

A dra. Ana, que era a cliente relatou que quando Thiago chegou, já com dores de cabeça, ele concluiu a entrega e pediu para que a cliente entrasse em contato com o aplicativo para cancelar as outras entregas, pois ele estava passando mal e não iria conseguir fazer e o trabalhador não queria ser punido pela empresa de aplicativo. “É uma escravidão”, relatou Ana.

Para a advogada, a empresa para onde Thiago trabalhava não lhe deu apoio, a gente não consegue nem falar com eles pelo telefone, assim como ele foi ignorado também pelo poder público, sem ter o devido socorro realizado pelo SAMU e para finalizar, um motorista de UBER se negou a leva-lo para o hospital. “Não posso julgar o motorista do aplicativo por negar socorro, pois ele também está precarizado, dando sequência ao ciclo de precarização”.
 


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